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quarta-feira, 4 de abril de 2012

A Invenção do Cotidiano - Michel de Certeau - Segunda Parte - TEORIAS DA ARTE DE FAZER - Capítulo 5 – Artes da Teoria

Até aqui Certeau enfatiza a pesquisa pela linguagem, o discursos teórico feito a partir a análise de outro discursos. Agora ele questiona como pode se realizar pesquisas que não sejam baseadas na análise do discurso. No capítulo anterior ele se referenciou a Bourdieu e a Foucault, com relação a pesquisa sobre as práticas não discursiva, relata também que essa é uma prática que remonta as pesquisas anteriores de Kant. Bourdier explica suas expectativas a partir do que ele entende por habitus, diz que a natureza da pesquisa não se limita ao isolamento, ele diz que é na intervenção que a teoria e a prática se encontram. Bourdieu/Processo estratégico
Foucault/Efeitos e procedimentos
Os procedimentos de isolamento de dados ou fronteiriços, são iniciados no século XVIII, quando se configurava o saber científico em oposição ao popular, onde o cientificismo advém dos questionamentos do empirismo. Certeau diz que não se trata de uma dicotomia entre teoria e prática, mas ele nomeia como diferentes operações, uma discursiva e outra não discursiva. No que se refere ao discurso Certeau diz que o elemento histórico fundamental quando organizado pensamento e as maneiras de fazer e regulam as operações diante de cada situação é a ordenação do saber fazer.
Se há um estatuto para o saber-fazer discursivo, qual será o do não discursivo? A questão da organização do capitalismo e da organização da produção apareceu, ele classifica como engedrosos, complexos e operativos. A metodologia seria a "descrição". A escrita da enciclopédia seria a prova da descrição a partir do não discursivo. Certeau questiona o estatuto da cientificidade, mas diz que é importante reconhecer as fragilidades desse estatuto, pois a cientificidade do conhecimento social se modifica a todo momento, se reinventa,se remodela. Nesse redimensionamento constate da história, o referido autor associa o caráter constantemente redimensionado da História a Arte.

"Todas essas Gatas Borralheiras, a ciência há de transformá-las em princesas. O princípio de uma operação etnológica sobre essas práticas já se acha então posto o seu isolamento social pede uma espécie de "educação" que graças a uma inversão linguística, vai introduzi-las no campo da escritura científica." (p. 139)

Certeau se refere ao conhecimento cotidiano como 'impróprio', de uma linguagem do saber-fazer própria e que esse conhecimento 'impróprio' é transformado de conhecimento de senso comum a conhecimento científico.
As práticas históriograficas dos séculos XVIII ao XX se resumiam ao ato descritivo "sem interpretação", pelo menos essa era a prentesão, dando um tratamento diferenciado ao discurso e a prática social, o discurso seria o dado, a prática social a lenda.
Artes do fazer - A prática sem a teoria
A arte do fazer não necessariamente precisa do crivo científico para existir, por isso, antes do século XIX era considerado um saber 'vulgar'. O saber fazer cotidiano, que carateriza a arte do fazer,  isola essas práticas cotidianas em espaços próprios, descartando o saber fazer do campo da cientificidade. Essa é uma das perspetivas estudadas pela micro-história, um privilégio a descrição das práticas cotidianas a partir da narratividade.
Certeau denomina o saber-fazer como um saber não sabido, como um saber que seus produtores não o conhecem, o produzem mas não tem consciência do que aquilo representa epistemologicamente, sem consciência. O saber cotidiano ainda é uma incógnita para os quem o produz, há saber, embora inconsciente. Certeau diz que os que tem essa consciência são privilegiados e que esse privilégio é intencional. 
"Sobre três séculos, malgrado os avatares históricos da consciência ou as definições sucessivas do conhecimento, paira sempre a combinação entre dois termos distintos, de uma parte um conhecimento referencial e 'inculto' e, da outra, um discuso elucidador que à plena luz produz a representação inversa de sua fonte opaca."(p.144)
Certeau falando de Kant, quando diz que o autor destaca a relação da arte do fazer (kunst) e a ciência (essenschaft) ou a técnica  e a teoria. Kant considera a arte do fazer como a essência das ações e o juízo, ou consciência como meio termo. A arte seria a transformaçãoes. Os envolvidos nessa prática também influenciam no equilíbrio e a modificação sem comprometê-la.
Kant fala do provérbio "Pode estar certo na teoria e de nada valer na prática", como a aproximação entre sabedoria popular, juízo e estatuto científico, gerando uma série de debates por seus pares. Segundo o entendimento de Kant o saber-fazer não é intitulado como princípio, mas como mote para pesquisas científicas, a arte do pensar é dependente tanto das práticas ordinárias como da teoria. Continua dizendo que existe algo a ser praticado, algo que escapa e que não pode ser mesurado. O que acontecesse é dizer sobre o que os outros dizem a arte e não interpretá-lo como ele é, pois isso só os nativos conseguiam.

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