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domingo, 15 de abril de 2012

A Invenção do Cotidiano - Michel de Certeau - Terceira Parte - PRÁTICAS DE ESPAÇO - Capítulo 8 - Naval e cerceário.

Certeau nesse capítulo usa o exemplo de um trem parado paradar voz aos elementos que constituem a História.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

A Invenção do Cotidiano - Michel de Certeau - Terceira Parte - PRÁTICAS DE ESPAÇO - Capítulo 7 - Caminhadas Pela Cidade

Certeau neste capítulo usa o exemplo do World Trade Center para mensurar a supremacia econômica do lugar e a rotina de vida da cidade, a sua  constante modernização e o desprezo pelo passado, ele usa a analogia de estar no alto do prédio e dominar o poder.
"As redes dessas escrituras avançando e entrecruzando-se compõem em fragmentos de trajetórias e em alterações de espaços; com relação às representações, ela permanece cotidianamente, indefinidamente, outra."(p. 171)
O autor direciona sua análise para as operações realizadas numa espacialidade  definida, a cidade. O conceito de cidade nasce a partir da necessidade de articulação espacial urbanística e não nasce aleatoriamente, é pensada a partir de três operações: a produção de um espaço próprio, estabelecer um não-tempo, criação de um sujeito universal. A definição de um espaço próprio, um sistema específico e a criação o sujeito cidade, a legitimação dessa delimitação espacial, a partir da junção das várias partes (bairros).
O conceito de cidade passa por diferentes  modulações e Certeau diz que ele se degrada, entretanto a cidade subliminarmente possui leis que a regem de uma forma especificamente própria, é então quando o autor propõe: " analisar as práticas microbianas, singulares e plurais, que um sistema urbanístico deveria administrar ou suprimir e que sobrevivem a seu perecimento." (p. 175)
Certeau, para falar da cidade, parafraseia Foucault, quando se refere as estruturas de poder, como a cidade é gerida, como as práticas sociais são gerenciadas na condução da disciplina e como artes plásticas, foge a essa disciplina e em que espaço, mas se alocam nas práticas cotidianas.Certeau diz ainda que são os passos que espacializam o deslocamento, o caminhar com certeza os mapas humanos , as trajetórias, esta é mais uma legitimação operacional. Certeau comprara as enunciações pedestres, as enunciações linguísticas. Assim ele exemplifica quando se refere ao sistema espacial, a enunciação pedestre tem 3 características: o presente, o descontínuo e o fático.
"É um processo de apropriação do sistema topográfico pelo pedestre (assim como o locutor se apropria e assume a língua); é uma realização espacial do lugar (assim como o ato de palavra é uma realização sonora da língua); enfim, implica relações entre forma de movimentos (assim como a enunciação verbal é 'alocução'm coloca o outro em face do locutor e põe em jogo contratos entre locutores). O ato de caminhar parece portanto encontrar uma primeira definição como espaço de enunciação." (p. 177)
O espaço para Certeau,  é organizado por possibilidades  e proibições que organizam esse sistema, mas o caminhante sempre pode dar um novo significado ao seu espaço. Existe todo um sistema que rege o caminhante. Observe:

A partir disso Certeau fala do tipo de relação que o caminhante mantém com seu percurso, que mudava a cada passo. Ele fala também de retóricas ambulantes, que é a adaptação linguística e a caminhada do pedestre, é a adequação linguística ao contexto espacial onde o caminhante de encontra. A maneira de fazer nesse caso, seria o falar e caminhar. Método logicamente falando,  Certeau prega a análise das maneiras de apropriação do espaço, que corresponde a manipulação de elementos de uma ordem construtora, a transitoriedade e os arranjos linguísticos feitos para isso. Certeau usa de exemplos linguísticos para exemplificar as práticas sociais, dizendo que a medida em que o espaço é considerado específico, por uma linguagem especifíca acaba sendo isolado. Os movimentos nos lugares promovem ausência se continuidades no espaço histórico constituído. No sentido de perceber os elementos históricos através da análise do que é dito, nos lugares comuns podemos ver uma historia fragmentaria, que se encaixam nas práticas sociais.
O discurso é questionado da seguinte maneira:
De onde ele sai?
Por que ele é produzido?
O lugar descrito, ou sonhado é diferente do lugar praticado, o cruzamento dessas descrições constitui o que chamamos de descrição das práticas urbanas.
Ao falar da cidade, da sua constituição linguística na escrita histórica e pensar a transitoriedade do espaço vivido, Certeau diz que , caminhar no espaço da cidade significa sair. Há toda uma simboogia no espaço habitado: o bairro, a rua, o número de casas. As ruas possuem nomes que lhe qualificam.
O sentido da palavra, mais o sentido da caminhada; dois movimentos: A caminhada produz a tessidura urbana, ao passo que a palavra lhe direciona. O sujeito altera sua rota impulsionado por movimentos e evocações. Os nomes das ruas, por exemplo, carregarem si uma significação oriunda também das vivências que testemunham.
Há ligações simbólicas entre as práticas espaciais (de caminhada e de deslocamento) e práticas significativas (linguísticas), o crível (o que é possível), o memorável e o primitivo. O espaço torna-se habitável pelo jogo ao qual pertence, pela significação que tem. Na escrita falado e escrito, criam-se superstições pelo nome que o local possui, a cidade assim desfila história em suas palavras. Esses relatos tem a sua essência heterogênea. "Os relatos se privatizam e se escondem nos cantos dos bairros, das famílias ou dos indivíduos, aos passo que a boataria dos meios cobre tudo e, sob a figura da Cidade,nomes próprios, apaga ou combate as superstições culpadas de ainda lhe resistir." (p. 188)
As superstições sobre a cidade ficam restritas a seu espaço interno, bairros, casas, indivíduos... O que se aloja no memorável (memória). Os objetos, as palavras, os lugares são ocos se não damos qualidades memóraveis a eles.
"Os lugares são histórias fragmentarias e isoladas em si, dos passados roubados à legibilidade por outro, tempo empilhados que podem se desdobrar mas que estão ali antes como histórias à espera e permanecem no estado de quebra-cabeças, enigmas, enfim simbolizações enquistadas na dor ou no prazer do corpo. (p. 189)
Nós damos a signifcação ao lugar a partir do momento que existem elementos memóraveis

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A Invenção do Cotidiano - Michel de Certeau - Segunda Parte - TEORIAS DA ARTE DE FAZER - Capítulo 6 – O Tempo das Histórias

Como o próprio nome do capítulo já anuncia, ele trara das artes do dizer. Esse tipo de discurso entra no hall da narração, como um recurso, uma maneira de fazer textual, com análise a partir dos títulos daquilo que o texto descreve, como teoria do relato e indissossiável a teoria das práticas, compreendendo as imbricações sociais que ligam as artes do fazer as artes do dizer. Não se trata de uma descrição sumária da realidade, sem interpretadões, mas é o mais próximo da realidade, uma representação do real e não o real em si. Cria-se toda uma aurora para a escrita, a narração não é ficção, a narração é literalmente a arte do dizer, o uso das estratégias linguísticas na construção do discurso.
"Algo na narração escapa à ordem daquilo que é suficiente ou necessário saber e, por seus traços, está subordinado ao estilo das táticas" (p. 154)
Presente também nas considerações de Foucault, a narrativa dispõe de inúmeros elementos linguísticos escritos para se constituir. A retorica também é evocada, criam-se novos arranjos para a descrição da historia vivida. Certeau fala de Decartes, Kant e Detienne. Detienne opta por uma história em narrativa, ela possui um repertório literário vasto, que é lançado mão quando conta a história.
" Para compreender a relação entre o relato e as táticas deve-se encontrar e demarcar melhor um seu modelo científico mais explicito, onde a teoria das práticas tenha precisamente por forma uma maneira de narrá-las." (p. 155)
Certeau fala da astucia no processo de escrita, a seleção de comportamentos numa determinada situação, escolhendo a melhor forma de agir.
Passado é perda de lugar, mas brilho no tempo, que fica guardado na memória, ativada somente em ocasiões oportunas. As experiências são acumulativa e reelaboradas a partir de cada ocasião. Certeau então propõe uma fórmula para se pensar como acontece os movimentos entre as forças da memória, o tempo e os seus efeitos, em função das ocasiões. As ocasiões fogem desse controle em princípio ao que Certeau propõe, ele justifica situando as ocasiões como dimensões qualitativamente heterogêneas.
Apesar de toda essa imprevisibilidade da ocasião, Certeau destaca dois elementos, o tempo e o espaço e os defini da seguinte maneira:
Espaço inicial ---- Memória ---- Ocasião --- Modificação
Essa operação, segundo Certeau deseja modificar o possível, se utilizando de recursos invisíveis, como tempo, que obedece suas leis, mas que alguma coisa do espaço carrega consigo. Essa ação é tão meticulosa quanto a linguagem que modifica os personagens e dá um novo sentido a interpertação histórica.
Certeau então faz uma pergunta crucial: Como o tempo age e se organiza no espaço? Ele diz que este é o instante de promoção da arte. A memória se mobiliza a ocasião e a ela se molda, ou seja, a memória não possui um lugar próprio, ela se adequa a circunstância, quando a memória sofre a alteração e se modifica de acordo com a circunstância, parte dela vira lembrança.
Certeau fala então da arte da memória, da sua sempre presença e nem sempre percepção, ele define a memória como prática reguladora das alterações, a memória recorre a lembrança cada situação respondendo a um chamamento.
"Essas particularidades têm a força de demonstrativos: aquele sujeito ao longe que passava inclinado... aquele odor que nem se sabe de onde subia... Detalhes cinzelados, singularidades intensas funcionam já na memória quando intervem na ocasião."(p. 164)
A memória possui uma mobilidade que escapa a fragmentos, constitui uma outra arte do fazer que restaura os lugares e se move a pertinência do tempo. Assim esses elementos que constroem a história nos rodeiam a todo momento, tagarelas e astuciosas, reconhecemos então a arte do fazer da memória.

A Invenção do Cotidiano - Michel de Certeau - Segunda Parte - TEORIAS DA ARTE DE FAZER - Capítulo 5 – Artes da Teoria

Até aqui Certeau enfatiza a pesquisa pela linguagem, o discursos teórico feito a partir a análise de outro discursos. Agora ele questiona como pode se realizar pesquisas que não sejam baseadas na análise do discurso. No capítulo anterior ele se referenciou a Bourdieu e a Foucault, com relação a pesquisa sobre as práticas não discursiva, relata também que essa é uma prática que remonta as pesquisas anteriores de Kant. Bourdier explica suas expectativas a partir do que ele entende por habitus, diz que a natureza da pesquisa não se limita ao isolamento, ele diz que é na intervenção que a teoria e a prática se encontram. Bourdieu/Processo estratégico
Foucault/Efeitos e procedimentos
Os procedimentos de isolamento de dados ou fronteiriços, são iniciados no século XVIII, quando se configurava o saber científico em oposição ao popular, onde o cientificismo advém dos questionamentos do empirismo. Certeau diz que não se trata de uma dicotomia entre teoria e prática, mas ele nomeia como diferentes operações, uma discursiva e outra não discursiva. No que se refere ao discurso Certeau diz que o elemento histórico fundamental quando organizado pensamento e as maneiras de fazer e regulam as operações diante de cada situação é a ordenação do saber fazer.
Se há um estatuto para o saber-fazer discursivo, qual será o do não discursivo? A questão da organização do capitalismo e da organização da produção apareceu, ele classifica como engedrosos, complexos e operativos. A metodologia seria a "descrição". A escrita da enciclopédia seria a prova da descrição a partir do não discursivo. Certeau questiona o estatuto da cientificidade, mas diz que é importante reconhecer as fragilidades desse estatuto, pois a cientificidade do conhecimento social se modifica a todo momento, se reinventa,se remodela. Nesse redimensionamento constate da história, o referido autor associa o caráter constantemente redimensionado da História a Arte.

"Todas essas Gatas Borralheiras, a ciência há de transformá-las em princesas. O princípio de uma operação etnológica sobre essas práticas já se acha então posto o seu isolamento social pede uma espécie de "educação" que graças a uma inversão linguística, vai introduzi-las no campo da escritura científica." (p. 139)

Certeau se refere ao conhecimento cotidiano como 'impróprio', de uma linguagem do saber-fazer própria e que esse conhecimento 'impróprio' é transformado de conhecimento de senso comum a conhecimento científico.
As práticas históriograficas dos séculos XVIII ao XX se resumiam ao ato descritivo "sem interpretação", pelo menos essa era a prentesão, dando um tratamento diferenciado ao discurso e a prática social, o discurso seria o dado, a prática social a lenda.
Artes do fazer - A prática sem a teoria
A arte do fazer não necessariamente precisa do crivo científico para existir, por isso, antes do século XIX era considerado um saber 'vulgar'. O saber fazer cotidiano, que carateriza a arte do fazer,  isola essas práticas cotidianas em espaços próprios, descartando o saber fazer do campo da cientificidade. Essa é uma das perspetivas estudadas pela micro-história, um privilégio a descrição das práticas cotidianas a partir da narratividade.
Certeau denomina o saber-fazer como um saber não sabido, como um saber que seus produtores não o conhecem, o produzem mas não tem consciência do que aquilo representa epistemologicamente, sem consciência. O saber cotidiano ainda é uma incógnita para os quem o produz, há saber, embora inconsciente. Certeau diz que os que tem essa consciência são privilegiados e que esse privilégio é intencional. 
"Sobre três séculos, malgrado os avatares históricos da consciência ou as definições sucessivas do conhecimento, paira sempre a combinação entre dois termos distintos, de uma parte um conhecimento referencial e 'inculto' e, da outra, um discuso elucidador que à plena luz produz a representação inversa de sua fonte opaca."(p.144)
Certeau falando de Kant, quando diz que o autor destaca a relação da arte do fazer (kunst) e a ciência (essenschaft) ou a técnica  e a teoria. Kant considera a arte do fazer como a essência das ações e o juízo, ou consciência como meio termo. A arte seria a transformaçãoes. Os envolvidos nessa prática também influenciam no equilíbrio e a modificação sem comprometê-la.
Kant fala do provérbio "Pode estar certo na teoria e de nada valer na prática", como a aproximação entre sabedoria popular, juízo e estatuto científico, gerando uma série de debates por seus pares. Segundo o entendimento de Kant o saber-fazer não é intitulado como princípio, mas como mote para pesquisas científicas, a arte do pensar é dependente tanto das práticas ordinárias como da teoria. Continua dizendo que existe algo a ser praticado, algo que escapa e que não pode ser mesurado. O que acontecesse é dizer sobre o que os outros dizem a arte e não interpretá-lo como ele é, pois isso só os nativos conseguiam.