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sexta-feira, 6 de abril de 2012

A Invenção do Cotidiano - Michel de Certeau - Terceira Parte - PRÁTICAS DE ESPAÇO - Capítulo 7 - Caminhadas Pela Cidade

Certeau neste capítulo usa o exemplo do World Trade Center para mensurar a supremacia econômica do lugar e a rotina de vida da cidade, a sua  constante modernização e o desprezo pelo passado, ele usa a analogia de estar no alto do prédio e dominar o poder.
"As redes dessas escrituras avançando e entrecruzando-se compõem em fragmentos de trajetórias e em alterações de espaços; com relação às representações, ela permanece cotidianamente, indefinidamente, outra."(p. 171)
O autor direciona sua análise para as operações realizadas numa espacialidade  definida, a cidade. O conceito de cidade nasce a partir da necessidade de articulação espacial urbanística e não nasce aleatoriamente, é pensada a partir de três operações: a produção de um espaço próprio, estabelecer um não-tempo, criação de um sujeito universal. A definição de um espaço próprio, um sistema específico e a criação o sujeito cidade, a legitimação dessa delimitação espacial, a partir da junção das várias partes (bairros).
O conceito de cidade passa por diferentes  modulações e Certeau diz que ele se degrada, entretanto a cidade subliminarmente possui leis que a regem de uma forma especificamente própria, é então quando o autor propõe: " analisar as práticas microbianas, singulares e plurais, que um sistema urbanístico deveria administrar ou suprimir e que sobrevivem a seu perecimento." (p. 175)
Certeau, para falar da cidade, parafraseia Foucault, quando se refere as estruturas de poder, como a cidade é gerida, como as práticas sociais são gerenciadas na condução da disciplina e como artes plásticas, foge a essa disciplina e em que espaço, mas se alocam nas práticas cotidianas.Certeau diz ainda que são os passos que espacializam o deslocamento, o caminhar com certeza os mapas humanos , as trajetórias, esta é mais uma legitimação operacional. Certeau comprara as enunciações pedestres, as enunciações linguísticas. Assim ele exemplifica quando se refere ao sistema espacial, a enunciação pedestre tem 3 características: o presente, o descontínuo e o fático.
"É um processo de apropriação do sistema topográfico pelo pedestre (assim como o locutor se apropria e assume a língua); é uma realização espacial do lugar (assim como o ato de palavra é uma realização sonora da língua); enfim, implica relações entre forma de movimentos (assim como a enunciação verbal é 'alocução'm coloca o outro em face do locutor e põe em jogo contratos entre locutores). O ato de caminhar parece portanto encontrar uma primeira definição como espaço de enunciação." (p. 177)
O espaço para Certeau,  é organizado por possibilidades  e proibições que organizam esse sistema, mas o caminhante sempre pode dar um novo significado ao seu espaço. Existe todo um sistema que rege o caminhante. Observe:

A partir disso Certeau fala do tipo de relação que o caminhante mantém com seu percurso, que mudava a cada passo. Ele fala também de retóricas ambulantes, que é a adaptação linguística e a caminhada do pedestre, é a adequação linguística ao contexto espacial onde o caminhante de encontra. A maneira de fazer nesse caso, seria o falar e caminhar. Método logicamente falando,  Certeau prega a análise das maneiras de apropriação do espaço, que corresponde a manipulação de elementos de uma ordem construtora, a transitoriedade e os arranjos linguísticos feitos para isso. Certeau usa de exemplos linguísticos para exemplificar as práticas sociais, dizendo que a medida em que o espaço é considerado específico, por uma linguagem especifíca acaba sendo isolado. Os movimentos nos lugares promovem ausência se continuidades no espaço histórico constituído. No sentido de perceber os elementos históricos através da análise do que é dito, nos lugares comuns podemos ver uma historia fragmentaria, que se encaixam nas práticas sociais.
O discurso é questionado da seguinte maneira:
De onde ele sai?
Por que ele é produzido?
O lugar descrito, ou sonhado é diferente do lugar praticado, o cruzamento dessas descrições constitui o que chamamos de descrição das práticas urbanas.
Ao falar da cidade, da sua constituição linguística na escrita histórica e pensar a transitoriedade do espaço vivido, Certeau diz que , caminhar no espaço da cidade significa sair. Há toda uma simboogia no espaço habitado: o bairro, a rua, o número de casas. As ruas possuem nomes que lhe qualificam.
O sentido da palavra, mais o sentido da caminhada; dois movimentos: A caminhada produz a tessidura urbana, ao passo que a palavra lhe direciona. O sujeito altera sua rota impulsionado por movimentos e evocações. Os nomes das ruas, por exemplo, carregarem si uma significação oriunda também das vivências que testemunham.
Há ligações simbólicas entre as práticas espaciais (de caminhada e de deslocamento) e práticas significativas (linguísticas), o crível (o que é possível), o memorável e o primitivo. O espaço torna-se habitável pelo jogo ao qual pertence, pela significação que tem. Na escrita falado e escrito, criam-se superstições pelo nome que o local possui, a cidade assim desfila história em suas palavras. Esses relatos tem a sua essência heterogênea. "Os relatos se privatizam e se escondem nos cantos dos bairros, das famílias ou dos indivíduos, aos passo que a boataria dos meios cobre tudo e, sob a figura da Cidade,nomes próprios, apaga ou combate as superstições culpadas de ainda lhe resistir." (p. 188)
As superstições sobre a cidade ficam restritas a seu espaço interno, bairros, casas, indivíduos... O que se aloja no memorável (memória). Os objetos, as palavras, os lugares são ocos se não damos qualidades memóraveis a eles.
"Os lugares são histórias fragmentarias e isoladas em si, dos passados roubados à legibilidade por outro, tempo empilhados que podem se desdobrar mas que estão ali antes como histórias à espera e permanecem no estado de quebra-cabeças, enigmas, enfim simbolizações enquistadas na dor ou no prazer do corpo. (p. 189)
Nós damos a signifcação ao lugar a partir do momento que existem elementos memóraveis

Um comentário:

  1. DAnielle você escreveu alguma publicação sobre este texto?
    Poderia deixar aqui para citação?

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