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quarta-feira, 4 de abril de 2012

A Invenção do Cotidiano - Michel de Certeau - Segunda Parte - TEORIAS DA ARTE DE FAZER - Capítulo 6 – O Tempo das Histórias

Como o próprio nome do capítulo já anuncia, ele trara das artes do dizer. Esse tipo de discurso entra no hall da narração, como um recurso, uma maneira de fazer textual, com análise a partir dos títulos daquilo que o texto descreve, como teoria do relato e indissossiável a teoria das práticas, compreendendo as imbricações sociais que ligam as artes do fazer as artes do dizer. Não se trata de uma descrição sumária da realidade, sem interpretadões, mas é o mais próximo da realidade, uma representação do real e não o real em si. Cria-se toda uma aurora para a escrita, a narração não é ficção, a narração é literalmente a arte do dizer, o uso das estratégias linguísticas na construção do discurso.
"Algo na narração escapa à ordem daquilo que é suficiente ou necessário saber e, por seus traços, está subordinado ao estilo das táticas" (p. 154)
Presente também nas considerações de Foucault, a narrativa dispõe de inúmeros elementos linguísticos escritos para se constituir. A retorica também é evocada, criam-se novos arranjos para a descrição da historia vivida. Certeau fala de Decartes, Kant e Detienne. Detienne opta por uma história em narrativa, ela possui um repertório literário vasto, que é lançado mão quando conta a história.
" Para compreender a relação entre o relato e as táticas deve-se encontrar e demarcar melhor um seu modelo científico mais explicito, onde a teoria das práticas tenha precisamente por forma uma maneira de narrá-las." (p. 155)
Certeau fala da astucia no processo de escrita, a seleção de comportamentos numa determinada situação, escolhendo a melhor forma de agir.
Passado é perda de lugar, mas brilho no tempo, que fica guardado na memória, ativada somente em ocasiões oportunas. As experiências são acumulativa e reelaboradas a partir de cada ocasião. Certeau então propõe uma fórmula para se pensar como acontece os movimentos entre as forças da memória, o tempo e os seus efeitos, em função das ocasiões. As ocasiões fogem desse controle em princípio ao que Certeau propõe, ele justifica situando as ocasiões como dimensões qualitativamente heterogêneas.
Apesar de toda essa imprevisibilidade da ocasião, Certeau destaca dois elementos, o tempo e o espaço e os defini da seguinte maneira:
Espaço inicial ---- Memória ---- Ocasião --- Modificação
Essa operação, segundo Certeau deseja modificar o possível, se utilizando de recursos invisíveis, como tempo, que obedece suas leis, mas que alguma coisa do espaço carrega consigo. Essa ação é tão meticulosa quanto a linguagem que modifica os personagens e dá um novo sentido a interpertação histórica.
Certeau então faz uma pergunta crucial: Como o tempo age e se organiza no espaço? Ele diz que este é o instante de promoção da arte. A memória se mobiliza a ocasião e a ela se molda, ou seja, a memória não possui um lugar próprio, ela se adequa a circunstância, quando a memória sofre a alteração e se modifica de acordo com a circunstância, parte dela vira lembrança.
Certeau fala então da arte da memória, da sua sempre presença e nem sempre percepção, ele define a memória como prática reguladora das alterações, a memória recorre a lembrança cada situação respondendo a um chamamento.
"Essas particularidades têm a força de demonstrativos: aquele sujeito ao longe que passava inclinado... aquele odor que nem se sabe de onde subia... Detalhes cinzelados, singularidades intensas funcionam já na memória quando intervem na ocasião."(p. 164)
A memória possui uma mobilidade que escapa a fragmentos, constitui uma outra arte do fazer que restaura os lugares e se move a pertinência do tempo. Assim esses elementos que constroem a história nos rodeiam a todo momento, tagarelas e astuciosas, reconhecemos então a arte do fazer da memória.

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