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domingo, 5 de julho de 2015

Regimes de Historicidade por Hartog: algumas considerações sobre o prefácio

Francois Hartog - Regimes de Historicidade
Prefácio - Presentismo pleno ou padrão?

O prefácio é uma importante parte que compõe os livros de maneira geral. Muitas vezes não damos importância a ele por avaliar que o conteúdo propriamente dito - capítulos - do livro tem uma leitura mais conceitual e vão chegar de fato onde pretendemos. O prefácio deste livro de Hartog é fundamental para compreendemos o que o autor define enquanto crise, regimes de historicidade e presentismo, conceitos estruturantes da obra.
Hartog chama de crise a ausência de referenciais no passado, o que tornaria o presente "o único caminho", indicativo de uma mudança na sociedade à respeito da visão que ela tem de si mesma, o que para o autor caracteriza-se como uma mudança de época. Para ele na sociedade atual sobressai-se uma visão imediatista da vida e ele usa o exemplo do capitalismo para ilustrar isso. O capitalismo possui uma face plástica que se adapta ao consumo imediato, o que responde a uma ausência de prognóstico e projeção do futuro e também quando da sua visão sobre o seu próprio passado.
"... a busca do ganho imediato é que eu prefiro chamar de "presentismo". O presente único: o da tirania do instante e da estagnação em um presente perpétuo..." (p.11)
Hartog então diz que o seu desafio nesse livro é propor um distanciamento dos sujeitos a esse presente, promover um deslocamento para retomar os estudos do passado. O distanciamento será um instrumento do que ele chama de "regime de historicidade", que é definido como "apenas uma maneira de engrenar o passado, presente e futuro ou de compor um misto das três categorias, justamente como se falava na teoria grega de construção mista (misturando aristocracia, oligarquia e democracia, sendo dominante de fato um dos três componentes)" (p.11)
Sobre a terminologia, Hartog avisa que usa o termo "regime" como uma organização ou regimento (regime alimentar, regime político) e a historicidade para ele trata-se da condição histórica de um indivíduo ou grupo social e a forma como estes se relacionam com o seu tempo. Para que a historicidade haja é preciso que os sujeitos reconheçam as categorias de presente/passado/futuro.
O regime de historicidade seria então a interpretação da relação dos sujeitos com o presente, o passado e o futuro produzida pelo historiador. A forma de compreensão dessas categorias articula o ordenamento dos sujeitos no tempo.
Compreender a ação dos sujeitos a partir dos regimes de historicidade visa mostrar expressões de inteligibilidade histórica que diferem de acordo com o seu tempo e a sociedade da qual/na qual acontecem.
Outro aspecto destacado pelo autor nesse prefácio é a diferenciação entre presente e presentismo. Presente é o que se vive, presentismo é a organização de ações orientadas não por projeções do futuro ou influências do passado, mas do que é plenamente vivido hoje, reconhecendo sua sinuosidade a partir de lugar ocupado pelos sujeitos no corpo social.
A ausência de referenciais no passado e o futuro como incerteza e ameaça lançam sobre o presente uma "segurança", pois ele é aquilo que nós, em tese, temos mais controle, e isso caracterizaria a crise de que ele se referiu no início.

A próxima postagem irá abordar a introdução do livro, intitulada "Ordens do tempo, regimes de historicidade"

Quer citar esse texto, use a referência abaixo:

FERREIRA, Danielle da Silva. Regimes de Historicidade por Hartog: algumas considerações sobre o prefácio. Diponível em:http://acaddemica.blogspot.com/2015/07/regimes-de-historicidade-por-hartog.html
 

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