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terça-feira, 31 de julho de 2012

História: A arte de inventar o passado - Durval Muniz de Albuquerque Júnior (Introdução)

História: A arte de inventar o passado/2007 - Durval Muniz de Albuquerque Júnior (Introdução)

Albuquerque Júnior(2007) traz nesse ínicio do livro considerações importantes sobre as mudanças teórico-metodológicas na história enquanto ciência e so fazer historiográfico. O autor destaca o papel da concepção contempoânea da história, que passa a considera-la enquanto invenção e como tal está condicionada a processos objetivos, subjetivos, materiais, simbólicos.
Teço um pequeno resumo do que o autor apresenta nesse trecho inicial de sua publicação.
A três décadas várias publicações em campos de estudos diversos associam a história enquanto ciência ao termo "invenção". Essa associação indica concepções em comum acerca da construção social da realidade e a sua apreensão por diversas áreas do saber. O uso dessa palavra se refere ao movimento de inventar, construir e reconstruir as representações histórico-sociais que dão sentido as vivências dos sujeitos todos os dias em tempos distintos. Utilizar o termo invenção também significa estudar a história a partir da descontinuidade, da ruptura, da diferença e da singularidade além de afirmar o caráter específico da produção histórica.
Essa mudança de concepção aparece depois dos anos 20, a partir da associação da história com a antropologia, sociologia, etnografia, psicanálise, entre outras áreas, para se questionar a universalidade do homem, principalmente no que se referia a racionalidade, destacando o papel do historiador como elemento "não-isento" na escrita e na produção do saber histórico. A história passa a ser pensada enquanto discurso e a sua produção de sentido. A linguagem também passa a ser entendida enquanto elemento pertinete de questionamentos histórico, políticos, antropológicos, sociais. A dimensão inventiva se contrapoe a perspectiva da macro-história.A historografia pós- estruturalista, representada por Michel Foucault e a base hermenêutica, representada por Paul Ricoer e Michel de Certeau, dão espaço para análises das práticas simbólicas, das memtalidades, do imaginário, do discurso e entendem que as práticas discussivas tem muito a nos dizer historigraficamente falando.
Duas posturas epistemológicas caracterizam a invenção. Por um lado o papel dos discurso como parte do processo inventivo, como elemento histórico, outra concebe o discurso como uma prática do historiador para revelar sentidos dos objetos. Essa distinção marca a história social e a história cultural, o mundo das coisas e das representações, natureza e cultura.A construção desse imainário e dessa representação viria a partir da materialidade, da realidade, do fato como propunham os positivistas, bem como a partir das representações de cultura, das ideias, do simbolismo. A história social não se opõe ao materialismo da construção do fato histórico, mas considera que não é possível compreende-lo em sua totalidade. O sujeito histórico, humano, plural, simbólico, cultural, ideológico, social não conseguiria dizer todas as coisas, tal qual como elas aconteceram. A compreensão  do momento de invenção deveria levar em consideração os múltiplos agentes, suas práticas, relações sociais, atividades culturais que desencadearam tal evento, diferente da concepção de uma invenção mítica, sem base na realidade, forjada a partir de inteções de uma conjuntura social/politica e que cabe ao historiador perceber essas diferenciações. O historiador deve interpretar as evidências do passado, munido de métodos e conceitos apropriados, pois é a partir disso que o históriador interpreta o que bem entende como evidência.
Albuquerque Júnior (2007) toda invenção do fato histórico se dá no presente, pois, o historiador que narra é homem de seu tempo, como diz Bloch. Por isso, esse sujeito deve conceber que seu ato narrativo é apenas mais uma dobra do imenso arquivo dos discursos e enunciações. O fato e o acontecimento seriam fabricações discursivas que existiriam apenas em seus contextos textuais e esses fatos/acontecimentos só passam a fazer sentido quando contados. Enquanto narradores da história, os historiadores tem ignorado as diversas variáveis dessa constituição. Os conflitos, as alianças, as organizações sociais, as práticas culturais, salientamos assim que todo evento histórico e cultural,  filosófico, politico, simbólico.
Albuquerque Júnior (2007) compara a história a um rio, a sua contrução a um fluxo, as suas concepções as margens. A história arrasta as formas estabilizadas para um intenso fluxo para uma espécie de "olho do furacão". O evento histórico é essa mistura de variáveis e é esse fluxo que dá forma a história, com seu passar incessante, descontínuo, dinâmico. A história fabrica, inventa seu curso e as suas margens no seu passar, mas os sujeitos também inventam a história, assim como as margens formatam o curso do rio. Diferente da  dicotomia das margens, que se alinham lado a lado, a história se articula entre as margens, reprentadas então pelo materialismo e o subjetivismo. No fluxo do rio, nem tudo é passageiro, há continuidades. Essas continuidades são ilhas ou icebergs, representações dos eventos, que são sedimentados e nos permitem inventariar os diferentes tempos, onde podemos nos estacionar  provisoriamente, sempre lembrando que essas ilhas são terrenos interligados e não isolados em si. A história além de fluxo é cristalização, é a articulação entre estrutura, fluxo e evento, além de encontro. Narrar esse encontro é tecer a história, utilizando-se de documentos, ferramentas culturais, perpassando pelo exercício da mediação, esse é o papel do historiador.
Certeau, segundo Albuquerque Júnior (2007), diz que fabricamos a narrativa histórica através da mediação de elementos distintos como tempo, espaço, praticas sociais, cultura, através de métodos, conceitos, estratégias, regras de uma escritura, com estilos, gêneros e convenções, sendo a história um produto elaborado por conseguinte a esse processo. Além de produzir essa mediação o historiador traduz as sociedades e suas culturas em tempos distintos, construindo sua narrativa a partir disso.
Sendo assim, o passado seria uma invenção do presente, ancorados em signos de outrem e por isso ele é parte do próprio presente. Compreendendo dessa maneira poderiamos considerar que no universo historiográficos "aguas passadas movem moinho" sim.


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